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O estouro de um milho de pipóca

Vídeo mostra momentos do estouro do milho de pipoca




O que mais chamou a atenção foi um texto nos comentários do vídeo que aqui está para vocês lerem também:

Milho de Pipoca

(Rubem Alves)

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande

transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o

que devem ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que

acontece depois do estouro.

O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.

Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não

passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando

passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida

inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas não

percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de

repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca

imaginamos.

Dor.

Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o

emprego, ficar pobre.

Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos

cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento

diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que o

pobre milho de pipoca, fechado dentro da panela, lá dentro ficando cada vez

mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.

Dentro de sua casca

dura, fechado em si mesmo, ele não pode imaginar destino diferente. Não pode

imaginar a transformação que está sendo preparada. O milho de pipoca não

imagina aquilo de que ele é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a

grande transformação acontece: BUM! E ele aparece como uma outra coisa

completamente diferente que ele mesmo nunca havia sonhado.

Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento

diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que o

pobre milho de pipoca, fechado dentro da panela, lá dentro ficando cada vez

mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.

Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que,

por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode

existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o

medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a

vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria

para ninguém.

Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam

os piruás.

E você, o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?

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